Automedicação: Um problema de saúde pública

Automedicação: Um problema de saúde pública

A diferença entre o remédio e o veneno é dose

Quem nunca tomou um remédio por conta própria quando está com uma dor de garganta, dor de cabeça ou febre? Estatísticas da organização mundial de saúde (OMS) mostram que, em todo o mundo, metade dos pacientes tomam medicamentos de forma errada. Aquela expressão “se bem não faz, mal tambem não há de fazer” infelizmente não se aplica quando o assunto é automedicação. Toda medicação tem o que chamamos de janela terapêutica, ou seja, é a diferença entre a dose para realizar a ação desejada e a dose toxicológica (sim, todo medicamento pode ser também um veneno, a depender da dose), e esse intervalo varia para cada medicação. É aí onde mora o perigo. O uso indiscriminado de algumas medicações pode trazer efeitos adversos bastante graves, inclusive levar a morte.

Afinal, para que servem os antibióticos?

Antibióticos são medicações utilizadas basicamente para o combate às infecções causadas por bactérias. Por mais contraditório que pareça, o maior vilão da infecções bacterianas atualmente tem sido exatamente o medicamento utilizado para combatê-las. Isso tem acontecido devido ao uso indiscriminado desses remédios, tanto por prescrições excessivas por parte dos médicos, quanto pela automedicação por parte dos pacientes. O uso de antibiótico, se usado de forma errada, leva ao que chamamos de resistência bacteriana, ou seja, quando a medicação não elimina a bactéria, a fortalece, necessitanto de antibióticos cada vez mais fortes para combater a infecção.

Estudos mostram que o sintoma mais comum que leva uma pessoa a automedicação com uso de antibióticos é exatamente a dor de garganta. A questão é que a maioria dessas infecções (gripes, resfriados) são na verdade causadas por vírus, as tão famosas viroses, para as quais os antibióticos não apresentam eficácia.

O que é natural, não faz mal!Cuidado! É preciso desfazer esse mito! Toda medicação para ser comercializada necessita passar por um rigoroso estudo científico, o que, muitas vezes, levam anos de análises com o objetivo de determinar o máximo de informações sobre tal remédio (dose terapêutica, dose toxicológica, benefícios, efeitos adversos, interações com outros remédios, tempo de uso…). Os medicamentos naturais, extraídos diretamente das plantas, são assim denominados por não passarem por um estudo científico, e consequentemente não apresentarem essas informações. Portanto, cuidado! medicamento natural não é isento de riscos, isso vale até mesmo para o chazinho feito pela vovó para curar a resseca. Segundo o professor Anthony Wong (médico toxicologista da Universidade de São Paulo), “Das dez substâncias mais tóxicas que se conhece, oito são naturais. Diante de certas circunstâncias e exagerando um pouco, talvez valha mais a pena comer um hambúrguer do que aceitar um remédio ou um sanduíche natural”.

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